UM BLOG SOBRE TUDO UM POUCO E SOBRE MERDA NENHUMA!!!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Vá para fora, cá dentro??

Ao contrário do que já estão para aí a pensar, este artigo não retrata práticas sexuais ordinárias nem tampouco o conselho do nosso Primeiro-Ministro (esse grande filho da...mãe dele) para emigrarmos. Retrata sim, a melhor forma de dar uso aquele conhecido slogan do turismo de Portugal "vá para fora cá dentro", que nos incentivava a fazer férias à antiga portuguesa.

Ora, se bem me lembro, as férias à antiga portuguesa eram, irmos com a familia toda acampar para o Algarve, com a trouxa toda dentro do carro, a tenda, tachos, pratos, alfaces, fogão da campingaz, que, em conjunto com a mãe, o pai, a avó, o tio, o mano, o cão e a gaiola do periquito, levava o chassis do carro até ao chão. O carro, esse, a cair de velho, com as janelas abertas porque não havia ar condicionado, mudanças que faziam um barulho do caraças a entrar, direcção assistida a braços e um auto-rádio com uma cassete que tinha de ser virada de 30 em 30 minutos, do lado A para o B.
Mas nós íamos, em pleno Agosto, todos transpirados e contentes da vida, ansiosos por ir à água, jogar raquetes, e comer sardinhas com salada de tomate, iguarias feitas pela mãe e pela avó enquanto o pai jogava cartas com o tio. Ah, e à noite adormecer ao som dos peidos fedorentos da avó!
Conclui-se aqui que, íamos NÃO para fora, mas ficávamos cá dentro.

Passaram-se vários anos, e gerou-se em Portugal, a classe média alta (agora em fase de extinção). Esta classe, conseguiu umas coisas muito bonitas chamadas visas e empréstimos.
E com estas coisas conseguiam ir de férias para sitiozinhos muito em conta, como é o caso do México, de Cuba ou de Punta Cana. Depois voltavam, com um bronze do cara**o e com umas férias para pagar durante um ano, até irem de férias no ano seguinte.
Resumindo, íamos para fora e nao ficávamos cá dentro.

Actualmente, já ninguém vai para o Algarve acampar, porque fica caríssimo, e já ninguém vai para México/Cuba/Punta Cana, porque os bancos não concedem empréstimos e o visa ficou sem plafon no Natal (porque também não há subsidios).
Então vamos mesmo para a praia mais perto de casa. Em Lisboa vai-se para a costa ou para a linha.



A experiência "vá para fora, cá dentro"

Chegamos à praia, tentamos achar um buraquinho para metermos a toalha, deitamo-nos e levamos com o puto do lado aos gritos (daqueles que ecoam no cérebro), com o cheiro a sandes de chourição, com uma bolada na tromba e com areia no focinho pelas constantes passagens rentes à toalha.
Mas até aqui tudo bem, é à portuguesa!

Entretanto, eis que começamos a ouvir o dialecto do casalinho do lado que será certamente inglês "Where is the sunblock?" "Do you want some watermelon?", que se mantêm ingleses e super-chiques até chegarem os pais da miúda "Foda-se, estava difícil arranjar um lugar", e a rapariga inglesa responde "Podes crer". Fantástico, está em Portugal há 24 horas e já fala português correctamente!
Continuo deitada na toalha (também não tenho espaço para variar posições) e começo a ouvir a familia que está atrás "Laisser votre frère seul", que eu penso serem franceses. Errado, eram franceses! Deixaram de ser no momento que os putos se chateiam um com o outro "Se me continuas a bater levas uma puta no focinho ó Jennifer". Olha, outros!
Esperem lá (penso eu enquanto oiço uma kizombada vinda da toalha da frente) que isto é o milagre de babilónia invertido, ninguém falava a mesma língua e afinal agora já todos se compreendem!

E depois caio em mim, e lembro-me que afinal os portugueses já são é quase todos emigrantes.

Mas vale pela experiência, porque no final de um dia de praia, entre tanto francês, inglês, castelhano, brasileiro e crioulo, sinto-me como se tivesse ido a NiceLondres, a Madrid e, Rio de Janeiro e Cabo Verde (agora percebo aquela música dos "Da Vinci")!
E sem sair da toalha na Caparica!


E se tiverem uma amiga hospedeira convosco, que vos pergunte de hora a hora se querem chá ou café, garanto-vos que o feeling fica completo!

Agora digam-me lá se esta não é a verdadeira experiência do "vá para fora, cá dentro"

Amarguinha

Sem comentários:

Enviar um comentário

As amargas vão ler o teu comentário e aprová-lo (mas só se for assim muito devasso)!